segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Literatura - Parte 08 - Simbolismo

VIII – SIMBOLISMO
Surgimento: França, 1880, com Verlaine, Mallarmé e Rimbaud
Características:
1) Reação subjetivista ao descritivismo parnasiano.
2) Abandono das fórmulas poéticas rígidas.
3) A poesia deve ser um processo de sugestões (sugerir = não dizer, não nomear).
4) Sugestão através de símbolos, de metáforas originais, de uma linguagem cifrada.
5) Sugestão através da musicalidade da linguagem (uso de aliterações).
6) Culto do mistério, do espiritualismo e do misticismo.
7) Descoberta das camadas profundas da vida psíquica.
8) Domínio do vago, do obscuro, do nebuloso, do inefável.
SIMBOLISMO NO BRASIL
· Movimento surgido em províncias intelectualmente sem importância, na época: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais
· Pequena ressonância na época e forte influência (dos simbolistas europeus) nos anos de 1910, 20 e 30 sobre as obras de Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Mário Quintana e Vinícius de Moraes

1) CRUZ E SOUSA: Missal - Broquéis - Faróis - Evocações - Últimos sonetos
Temas básicos:
- A obsessão pela cor branca.
- O erotismo sublimado.
- O sofrimento da condição negra.
- O sofrimento da condição humana.
- Espiritualização e religiosidade.
- Linguagem metafórica e musical.
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(...)
Sons perdidos, nostálgicos, secretos,
Finas, diluídas, vaporosas brumas,
Longo desolamento dos inquietos
Navios a vagar a flor de espumas.
2) ALPHONSUS DE GUIMARAENS : Câmera ardente - Dona MísticaSeptenário das dores de Nossa Senhora .
Temas básicos:
- A morte da noiva .
- A sublimação da perda da noiva através do misticismo religioso.
- A paisagem fantasmagórica das cidades mineiras.
- Linguagem de rica musicalidade e, por vezes, litúrgica.
Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Porque viestes, se era tão tarde?
O sol não beija mais os flancos
Da Montanha onde mora a tarde.
Ó cisnes brancos, dolorida
Minh’alma sente dores novas.
Cheguei à terra prometida:
É um deserto cheio de covas.
Voai para outras risonhas plagas,
Cisnes brancos! Sede felizes...
Deixai-me só com as minhas chagas,
E só com as minhas cicatrizes.

3) PEDRO KILKERRY
- Poesia fragmentária, difícil.
- Inovações de linguagem
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima...
.......................................................................
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.


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