domingo, 25 de janeiro de 2009

Interpretação de texto 01 - Texto " A árvore e o homem"

TEXTO: A ÁRVORE E O HOMEM
O PRIMEIRO... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada como está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo mais coletivo. Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a que os humanos atingem por alguns instantes e através da tragédia clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe a nossa intemperança. Então, incapazes de trazê-lo para a nossa domesticidade, consideramo-lo um elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm algo de protesto.
(ANDRADE, C. Drummond de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p. 798)

01- É FALSO afirmar, a respeito do conteúdo desse texto, que:
A) a capacidade da fala é atribuída a todos os seres animados;
B) seu autor reforça a tese de que, para os seres humanos, a posse da linguagem articulada é um privilégio;
C) o silêncio das árvores é um mistério para os cientistas;
D) o desenho e a pintura são simples artifícios para integrar as árvores no ambiente social e humano;
E) parece às árvores que a socialização da intimidade através da linguagem articulada é uma indiscrição.

02- No texto, a maioria das palavras e expressões refere-se basicamente a dois universos: o das árvores e o dos homens. A alternativa que reúne EXCLUSIVAMENTE palavras relativas ao universo dos homens é:
A) crispação - silêncio;
B) intemperança - botânicos;
C) paisagem - impermeabilidade;
D) cuidados - solitário;
E) atmosfera - mudez.

03 - A atribuição de características humanas às árvores vem expressa no texto por várias expressões/palavras, EXCETO pela da opção:
A) propor-nos;
B) fiéis;
C) grave;
D) ignorar;
E) domesticidade.

04 - Algumas passagens do texto foram reescritas abaixo com mudança da posição de algum de seus termos. Feita a alteração, a pontuação tornou-se INCORRETA em:
A) O tronco vive grave e solitário num estado de impermeabilidade;
B) Incapazes, então, de trazê-lo para a nossa domesticidade... ;
C) Subindo até o quadro, o fumo dos cigarros parece vagamente aborrecê-la;
D) Conformarmo-nos com a sua mudez, é o primeiro problema que as árvores parecem propor-nos;
E) Elas e as pedras reservam-se entretanto o privilégio do silêncio.

05 - Na nova redação dada a algumas passagens do texto, cometeu-se um erro gramatical na opção:
A) O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parecem vagamente aborrecê-la;
B) ...uma composição social que a elas talvez se afigure monstruosamente indiscreta;
C) Entretanto, elas e as pedras reservam para si o privilégio do silêncio;
D) ...num mundo em que todos os seres têm pressa de se desnudarem;
E) Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança.

06 - Os conectivos ''Entretanto'' e ''Então'' encadeiam partes do texto exprimindo, respectivamente:
A) oposição e conseqüência:
B) oposição e tempo;
C) tempo e conseqüência;
D) tempo e conclusão:
E) tempo e tempo.

07 - No trecho ''Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a que os humanos só atingem por alguns instantes'', é opcional a ocorrência da preposição ''a'' antes do complemento do verbo ATINGIR, pois este verbo pode ser transitivo direto ou transitivo indireto no padrão culto escrito. A mesma dupla regência é admissível em:
A) Ele era um escritor que desdenhava a fama a que aspiravam seus compatriotas;
B) A solução a que os médicos recorreram produziu resultados animadores:
C) A igreja a que me refiro foi construída no século XVII;
D) A unificação do objetivo a que visavam seus integrantes explica o sucesso da equipe;
E) Esta é uma tese a que muitas pessoas preferem aderir por pura comodidade.

08 - O verbo PROPOR está erradamente flexionado na opção:
A) O poeta não acreditava que as árvores lhe propusessem algum problema;
B) O poeta não acredita que as árvores lhe proponham algum problema;
C) O poeta ficará surpreso se as árvores lhe proporem algum problema;
D) O poeta ficava surpreso quando as árvores lhe propunham algum problema;
E) O poeta fica surpreso quando as árvores lhe propõem algum problema.

09 - Os pronomes relativos que introduzem as orações a seguir destacadas - ''que as árvores parecem propor-nos'', ''em que todos os seres têm pressa'' e ''que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta'' - desempenham, respectivamente, as funções sintáticas de:
A) sujeito - complemento nominal - sujeito;
B) objeto direto - adjunto adverbial - sujeito;
C) predicativo - objeto indireto - sujeito;
D) predicativo - adjunto adverbial - objeto direto;
E) sujeito - objeto indireto - sujeito.

10 - Em '‘... esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera de nossos cuidados'', há um exemplo de crase, assinalada pelo sinal grave. A alternativa em que este sinal foi erradamente utilizado é:
A) A equipe deve o êxito da campanha à boa forma de seus atletas;
B) O fornecimento de energia elétrica só foi normalizado à 1 hora da madrugada;
C) Não posso deixar de assistir à esta parte da novela;
D) Os formandos ficarão sentados à nossa direita;
E) Os rebeldes foram levados à presença do rei.

GABARITO
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