domingo, 25 de janeiro de 2009

Literatura - Parte 02 - Barroco

III – BARROCO
Surgimento: Europa, meados do século XVI - Brasil, início do século XVII. (Lembrar que, no Brasil, a literatura barroca acaba no século XVII, junto com o declínio da sociedade açucareira baiana. Contudo, na arquitetura e nas artes plásticas, o estilo barroco atingirá o seu apogeu apenas nos séculos XVIII e início do XIX, em Minas Gerais.)
Variações barrocas: cultismo (exagero e rebuscamento formal) e conceptismo (exagero no plano das idéias) são manifestações de excesso da literatura barroca.
Características:
1) Arte da Contra-Reforma, expressando a crise do Renascimento, com a destruição da harmonia social aristocrática-burguesa através das guerras religiosas. Os jesuítas que surgem, neste período, combatem os protestantes e espalham pelo mundo católico a sua implacável ideologia teocêntrica.
2) Conflito entre corpo e alma. Dividido entre os prazeres renascentistas e o fervor religioso, o homem barroco oscila entre:
· a celebração do corpo, da vida terrena, do gozo mundano e do pecado;
· os cuidados com a alma visando à graça divina e à salvação para a vida eterna.
3) Temática do desengano (o desconcerto do mundo): a vida é breve, a vida é sonho, viver é ir morrendo aos poucos. Aguda consciência da efemeridade da existência e da passagem do tempo.
4) Linguagem ornamental, complexa, entendida como jogo verbal, cheia de antíteses, inversões, metáforas, alegorias, paradoxos, ausência de clareza. É um estilo complicado que traduz os conflitos interiores do homem barroco.
Autores barrocos:
1) Gregório de Matos (Boca do Inferno)
· Poesia religiosa - Apresenta uma imagem quase que exclusiva: o homem ajoelhado diante de Deus, implorando perdão para os pecados cometidos.
· Poesia amorosa - Tem uma dimensão elevada ("d"), muitas vezes associada à noção de brevidade da existência, e uma dimensão obscena, onde a explosão dos sentidos (em versos crus e repletos de palavrões) representa um protesto contra os valores morais da época.
· Poesia satírica - Ironia corrosiva e caricatural contra todos os setores da vida colonial baiana: senhores de engenho, clero, juízes, advogados, militares, fidalgos, escravos, pobres livres, índios, mulatos, mamelucos, etc. Com seu olhar ressentido de senhor decadente, Gregório de Matos vê na realidade apenas corrupção, negociata, oportunismo, mentira, desonra, imoralidade, completa inversão de valores. A poesia satírica, portanto, para ele é vingança contra o mundo.
2) Padre Antônio Vieira
Os Sermões

· · Utilização contínuas de passagens da Bíblia e de todos os recursos da oratória jesuítica para convencer os fiéis de sua mensagem, mesmo quando trata de temas cotidianos.
· Ataca os vícios (corrupção, violência, arrogância, etc.) e defende as virtudes cristãs (religiosidade, caridade, modéstia, etc.)
· Combate os hereges, os indiferentes à religião e os católicos desleixados em relação à Igreja.
· Defende abertamente os índios. Mantém-se ambíguo frente aos escravos negros: ora tenta justificar a escravidão, ora condena veementemente seus malefícios éticos e sociais.
· Exalta os valores que nortearam a construção do grande império português. E julga (de forma messiânica) que este império deveria ser reconstruído no Brasil.
· Propõe o retorno dos cristãos novos (judeus) a territórios lusos como forma de Portugal escapar da decadência onde naufragara desde meados do século XVI.
· Apresenta uma linguagem de tendência conceptista, de notável elaboração, grande riqueza de idéias e imagens espetaculares. Fernando Pessoa o chamaria de "Imperador da Língua Portuguesa".


voltar ao topo

Nenhum comentário:

Postar um comentário