segunda-feira, 23 de março de 2009

Interpretação de texto 05 - Desperdício Brasil

DESPERDÍCIO BRASIL
Sempre que se reúnem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil, no preço que pagam para fazer negócios num país com regras obsoletas e vícios incrustados. O atraso brasileiro é quase sempre atribuído a alguma forma de corporativismo anacrônico ou privilégio renitente que quase sempre têm a ver com o trabalho superprotegido, com leis sociais ultrapassadas e com outras bondades inócuas, coisas do populismo irresponsável, que nos impedem de ser modernos e competitivos. Raramente falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.
O escândalo causado pela revelação do que os grandes bancos deixam de pagar em impostos não devia ser tão grande, é só uma amostra da subtributação, pela fraude ou pelo favor, que há anos sustenta o nosso empresariado chorão, e não apenas na área financeira. A construção simultânea da oitava economia e de uma das sociedades mais miseráveis do mundo foi feita assim, não apenas pela sonegação privada e a exploração de brechas técnicas no sistema tributário - que, afinal, é lamentável, mas mostra engenhosidade e iniciativa empresarial - mas pelo favor público, pela auto-sonegação patrocinada por um Estado vassalo do dinheiro, cúmplice histórico da pilhagem do Brasil pela sua própria elite.
O Custo Brasil dos lamentos empresariais existe, como existem empresários responsáveis que pelo menos reconhecem a pilhagem, mas muito mais lamentável e atrasado é o Desperdício Brasil, o progresso e o produto de uma minoria que nunca são distribuídos, que não chegam à maioria de forma alguma, que não afetam a miséria à sua volta por nenhum canal, muito menos pela via óbvia da tributação. Dizem que com o que não é pago de imposto justo no Brasil daria para construir outro Brasil. Não é verdade. Daria para construir dois outros Brasis. E ainda sobrava um pouco para ajudar a Argentina, coitada.
( Luís Fernando Veríssimo )


01. Para entender bem um texto, é indispensável que compreendamos perfeitamente as palavras que nele constam. O item em que o vocábulo destacado apresenta um sinônimo imperfeito é:
A) ''Sempre que se reúnem para LAMURIAR,...'' - lamentar-se;
B) ''...um país com regras OBSOLETAS...''- antiquadas;
C) ''...e vícios INCRUSTADOS.'' - arraigados;
D) ''...alguma forma de corporativismo ANACRÔNICO...''-doentio;
E) ''...ou privilégio RENITENTE ...''- persistente.

02. ''Sempre que se reunem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil, no preço que pagam para fazer negócios num país com regras obsoletas e vícios incrustados.''; o comentário INCORRETO feito sobre os conectores desse segmento do texto é:
A) a expressão sempre que tem valor de tempo;
B) o conectivo para tem ideia de finalidade;
C) a preposição em no termo no Custo Brasil tem valor de assunto;
D) a preposição em no termo num país tem valor de lugar;
E) a preposição com tem valor de companhia.

03. O segmento do texto que NÃO apresenta uma crítica explícita ou implícita às elites dominantes brasileiras é:
A) ''Sempre que se reúnem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil...'';
B) ''Raramente (os empresários) falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.'';
C) ''O escândalo causado pela revelação do que os grandes bancos deixam de pagar em impostos não devia ser tão grande,...'';
D) ''...pela fraude ou pelo favor, que há anos sustenta o nosso empresariado chorão,...'';
E) ''O Custo Brasil dos lamentos empresariais existe,...''.

04. ''...no preço que pagam para fazer negócios num país com regras obsoletas e vícios incrustados.''; na situação textual em que está, o segmento país com regras obsoletas e vícios incrustados representa:
A) uma opinião do empresariado;
B) o ponto de vista do autor do texto;
C) uma consideração geral que se tem sobre o país;
D) o parecer do capitalismo internacional;
E) a visão dos leitores sobre o país em que vivem.

05. ''...no preço que pagam para fazer negócios...''; a forma desenvolvida da oração reduzida iniciada por para fazer é:
A) para que se façam negócios...;
B) para que fizessem negócios...;
C) para que façam negócios...;
D) para fazerem negócios...;
E) para que sejam feitos negócios...

06. O principal prejuízo trazido pelo Custo Brasil, segundo o primeiro parágrafo do texto, que retrata a opinião do empresariado, é:
A) o corporativismo anacrônico;
B) o privilégio renitente;
C) trabalho superprotegido;
D) populismo irresponsável;
E) falta de modernidade e competitividade.

07. O corporativismo anacrônico, o privilégio renitente, o trabalho superprotegido e outros elementos citados no primeiro parágrafo do texto indicam, em sua totalidade:
A) deficiências em nosso sistema socio-econômico;
B) a consciência dos reais problemas do país por parte dos empresários;
C) o atraso mental dos políticos nacionais;
D) a carência de líderes políticos modernos e atuantes;
E) a posição ultrapassada do governo.

08. ''...que quase sempre têm a ver com o trabalho superprotegido...''; o verbo TER está no plural porque:
A) se refere ao corporativismo anacrônico e ao privilégio renitente;
B) se trata de sujeito indeterminado;
C) está ligado a todos os elementos citados a seguir;
D) o autor do texto se distraiu e cometeu um erro;
E) se trata de verbo impessoal.

09. ''Raramente falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.''; os empresários brasileiros raramente falam neste tema porque:
A) são mal preparados e desconhecem o assunto;
B) se trata de um assunto que não lhes diz respeito;
C) se refere a algo com que lucram;
D) não querem interferir com problemas políticos;
E) não possuem qualquer consciência social.

10. ''...coisas do populismo irresponsável,...'' corresponde a:
A) uma retificação do que antes vem expresso;
B) uma ironia sobre o que é dito anteriormente;
C) uma explicação dos termos anteriores;
D) mais um elemento negativo do país;
E) uma crítica sobre a política do país.


GABARITO
01-D
02-E
03-E
04-A
05-C
06-E
07-A
08-A
09-C
10-B

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