segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Literatura - Parte 12 - O Romance de 1930 ( A vitória do Neo-Realismo)

XII - O ROMANCE DE 1930 (A vitória do neo-realismo)
Conjunto de narrativas, escritas entre os anos de 1930 e 1960, por um mesma geração, oriunda de famílias oligárquicas decadentes, com uma visão de mundo crítica, um sentido missionário da literatura e padrões cartísticos bastante próximos do realismo do século XIX.
Características:
· Ênfase nas questões ideológicas e sociais. E não mais no projeto estético da geração de 1922.
· Rejeição ao experimentalismo técnico e ao gosto pela paródia, substituídos por um realismo mais ou menos trivial: retrato direto da realidade, busca da verossimilhança, linearidade narrativa, etc.
· Tipificação social explícita (indivíduos que representam as várias classes sociais).
· Construção de um mundo ficcional que deve dar a idéia de abrangência e totalidade.
· Tomada de consciência do subdesenvolvimento (atraso e miséria do país).
· Denúncia contínua da situação opressiva vivida por camponeses e operários.
· Tentativa de comunicação com as massas através de uma linguagem coloquial.
· Valorização da realidade rural que levou os críticos a designarem o período como regionalista.
Os mundos narrados
1) Romances de temática agrária
A) A ascensão e queda dos coronéis:
Bangüê e Fogo morto, de José Lins do Rego; Terras do sem fim e São Jorge dos Ilhéus, de Jorge Amado; e O tempo e o vento, de Erico Verissimo. Estes relatos oscilam entre a saga (exaltação com traços épicos) e a crítica mais contundente, seja a ideológica (Jorge Amado), seja a ética (Erico Verissimo). No caso específico de José Lins do Rego, predomina um tom nostálgico e melancólico diante das ruínas dos engenhos.
B) Os dramas dos trabalhadores rurais: Seara vermelha, de Jorge Amado; e Vidas secas, de Graciliano Ramos. Ambos correspondem a uma impugnação da realidade latifundiária nordestina.
C) O confronto entre o Brasil rural e o Brasil urbano, visível no choque entre Paulo Honório e Madalena em São Bernardo, de Graciliano Ramos. A obra sintetiza o descompasso entre a mentalidade patriarcal-latifundiária e a urbana modernizada. Também de Graciliano Ramos, Angústia revela a solidão e a destruição de Luís da Silva,descendente da oligarquia, na teia complexa das relações citadinas.
Por outro lado, tanto em A bagaceira, de José Américo de Almeida, romance inaugural do ciclo de 1930, quanto em O quinze, de Rachel de Queiroz, os personagens principais, Lúcio e Conceição – embora filhos das velhas elites agrárias – foram modernizados pela escolarização na cidade. Por isso, acabam questionando o horror da seca, da miséria e o atraso do latifúndio.

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2) Romances de temática urbana
A urbanização ininterrupta do país levou os narradores a olhar para a nova realidade que se constituía, fosse sob o prisma da denúncia (Jorge Amado, Amando Fontes), da adesão crítica (Erico Verissimo) ou de uma tristeza impotente (Cyro dos Anjos). Os núcleos temáticos abordados foram:
A) As camadas populares, trabalhadores e marginais: Jubiabá, Capitães de Areia e Mar morto, de Jorge Amado; Os Corumbas e Rua do Siriri, de Amando Fontes.
B) Os setores médios (pequena burguesia): A tragédia burguesa, de Otávio de Faria, Os ratos, de Dyonélio Machado e toda a primeira fase de Érico Veríssimo, o chamado ciclo de Clarissa.
Cronologia dos primeiros romances de 30
1928 - A bagaceira, de José Américo de Almeida
1930 - O quinze, de Rachel de Queiroz; O país do carnaval, de Jorge Amado
1932 - Menino de engenho, de José Lins do Rego; Cacau, de Jorge Amado; João Miguel, de Rachel de Queiroz.
1933 – Doidinho, de José Lins do Rego; Caetés, de Graciliano Ramos; Clarissa, de Érico Veríssimo; Os Corumbas, de Amando Fontes
1934 - Bangüê, de José Lins do Rego; São Bernardo, de Graciliano Ramos; Suor, de Jorge Amado
1935 - Jubiabá, de Jorge Amado; Música ao longe, de Érico Veríssimo; Os ratos, de Dyonélio Machado.


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